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Paulo Afonso,19/05/2025

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Dona Waldir foi organizar o céu

Gilmar Teixeira
Dona Waldir foi organizar o céu Gilmar Teixeira

Dona Waldir foi organizar o céu


Hoje o céu amanheceu mais bonito, mas por aqui, o dia nasceu mais triste. Dona Waldir partiu. E quem a conheceu sabe o que isso significa. Partiu não apenas uma mulher, mas um pedaço de uma história que é também nossa, da nossa infância, da nossa juventude, da nossa vida.


Esposa do inesquecível Peri Peri — aquele goleiraço que brilhou no Bahia, no Vitória, no Fluminense de Feira, em Paulo Afonso e até vestiu a camisa da Seleção Brasileira — Dona Waldir sempre foi muito mais do que a esposa de um ídolo. Ela era, por si só, uma estrela serena que iluminava a todos com sua presença delicada, seu sorriso discreto, seu jeito de cuidar de tudo e todos. Era como um alicerce silencioso de uma época que vivemos com intensidade e carinho.


Os filhos — Aninha, Jorge, Pitú, Tânia e Djalma — cresceram conosco. Colegas de colégio, de peladas nos campos de terra, de batuques na Banda do COLEPA, de sonhos e travessuras. Éramos mais do que vizinhos ou amigos: éramos irmãos de vida. E no centro desse afeto, lá estava sempre Dona Waldir, com sua voz mansa, sua elegância natural, seu olhar que abraçava.


Por décadas, ela foi a guardiã da casa da diretoria da CHESF, onde exerceu um papel que poucos saberiam cumprir com tanta dignidade. Recebia presidentes, ministros, governadores, prefeitos, e principalmente os presidentes e diretores da CHESF — gente importante de terno e pasta —, mas ela os tratava com o mesmo respeito e carinho com que recebia a nós, meninos de rua, barulhentos e famintos de carinho. Sua missão era o acolhimento. E isso ela fez com maestria, por mais de 40 anos, sem jamais perder a doçura ou a compostura.


Hoje, ela nos deixa, e sentimos um vazio profundo. Mas há também um alento em pensar que agora o céu terá quem o organize com ternura e perfeição. Imagino que ao chegar lá, Dona Waldir abriu os braços e já começou a arrumar tudo — ajeitando as nuvens, recebendo os anjos, preparando a mesa para o reencontro com Peri Peri e tantos outros que nos deixaram saudade.


E nós, que seguimos aqui, sentiremos falta do seu jeito simples e nobre de ser. Mas seguimos também seu exemplo: de amor, de cuidado, de presença. Seu legado vive nos filhos, nos netos, em cada um que teve o privilégio de conviver com ela.


Vá com Deus, minha amiga querida. Continue aí do céu a fazer o que sempre fez tão bem: cuidar da gente, com esse amor que não morre. E quando chegar a nossa vez de subir, sei que será você quem nos receberá com aquele sorriso doce e um abraço apertado. Até lá.


* Gilmar Teixeira




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